Renata tinha extra-sístoles ventriculares muito frequentes, mais de 20 mil por dia e a palpitação era terrível. Ela tinha Muita Palpitação, Tomava Muito Remédio, Obtinha Pouco Resultado! Muitos efeitos colaterais… Até que encontrou uma solução definitiva! Confira!
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A história de Renata é parecida com a História de palpitações, mas infelizmente, o mesmo tratamento não funcionou para Renata, que continua sua triste rotina em busca de solução. Veja mais Casos de Palpitação.
O Caso de Renata:
Renata tinha 23anos, estudante de Odontologia, sem nenhum problema de saúde conhecido que me procurou para tratamento de suas palpitações.
“Meu coração está pulando! Ocorre umas pausas terríveis! Parecem Palpitações e Arritmia”. Disse ela.
Renata já havia pesquisado na internet e já tinha um bom conhecimento sobre seus sintomas e as possíveis causas. Como médico, eu acho interessante que o paciente tenha mais conhecimentos sobre sua doença – pois facilita meu serviço.
“Todos os dias eu tenho palpitações! E elas ocorrem a qualquer momento. Só hoje, ocorreram 4 vezes!” Pensou ela.
Durante a Anamnese:
Renata estava à vontade para falar sobre suas Palpitações e eu percebia que as Palpitações a incomodavam muito. Ela dizia que estava tendo dificuldades de atender seus pacientes pois, como odontóloga, precisava de calma para fazer tratamentos e as palpitações as deixava ansiosa.
Resumindo:
- Renata era aparentemente saudável.
- Não usava nenhuma medicação de Uso contínuo;
- Alimentava-se adequadamente;
- Evitava o uso de bebidas alcoólicas;
- Usava café (2 xícaras / dia).
A história familiar de Renata:
O pai de Renata tinha Hipertensão Arterial Sistêmica e sua mãe estava com peso adequado e saudável.
Não havia nenhum membro da família com Morte Súbita.
Resumindo:
- Pai com Hipertensão Arterial sistêmica;
- Sem história de Morte Súbita familiar;
O Exame de Renata:
Renata estava com exame físico que chamou a minha atenção! Confira:
- Pressão Arterial: 100/70mmHg (10/7cmHg)
- Frequência Cardíaca: 76bpm
- Não tinha sopros cardíacos.
- O Ritmo do coração era Irregular;
- Havia muitas extra-sístoles durante a ausculta do coração;
- O Pulso era irregular.
Já no exame físico eu já pude perceber a presença de Extra-sístoles e algumas delas eram percebidas por Renata como “Paradas nos batimentos” – típica palpitação.
A primeira Impressão!
Após ouvir a história de Renata, eu lembrei de Carla, do caso #1, ela estava tendo Palpitações e Extra-Sístoles ventriculares bastante frequentes. As duas pacientes tinham queixas muito semelhantes.
Um fato interessante:
- Renata Tinha Palpitações durante o Exame físico;
- Alguams vezes, ela Sentia as Palpitações no momento que a Extra-sístole ocorria.
- Outras vezes, havia Extra-Sístoles (eu as ouvia) e ela não percebia/não sentia palpitações.
Assim como Carla, a Renata era muito sintomática! Tinha muitas palpitações!
O Eletrocardiograma de Renata:
O diagnóstico de Renata foi feito no consultório, com um traçado longo de ECG no monitor cardíaco do aparelho que faz o eletrocardiograma. Registrei cada uma das Extra-sístoles que causavam as palpitações.
- Eram Extra-Sístoles ventriculares monomórficas frequentes.
Diagnóstico de Renata:
- Palpitações frequentes;
- Extra-sístoles Ventriculares frequentes muito sintomáticas;
Nota do Diagnóstico:
No caso de Renata, o diagnóstico foi muito fácil, pois ela sentia muitas Palpitações e essas palpitações puderam ser verificadas no Eletrocardiograma (ao se fazer o eletro), durante a consulta.
Essa oportunidade tornou o diagnóstico rápido e fácil.
Mas nem sempre é assim:
Alguns pacientes, como o caso de Pedro, o diagnóstico não é tão simples. Veja também outros casos Reais de pacientes com Palpitações.
Exames Complementares:
Apesar de já ter o diagnóstico sintomático (Palpitações) e causal (extra-sístoles ventriculares) é muito importante dar seguimento com exames complementares que serão muito importantes para determinar o tratamento mais adequado para Renata.
O Eletrocardiograma:
O ECG basal apresentava dois padrões morfológicos da ESV (detalhes técnicos):
1. QRS predominantemente negativo em V1 com transição (R/S >1) a partir de V3 e eixo para a direita no plano frontal (D2, D3 e aVF positivos), sugestivo de origem em trato de saída do VD;
2. ESV com transição (R/S >1) precoce (a partir de V1 ou V2) e eixo para a direita no plano frontal, sugestivo de origem no trato de saída do VE.
Ecocardiograma:
Carla realizou um Ecocardiograma Transtorácico logo após a consulta médica e o exame mostrou o seguinte resultado:
- Função sistólica Global preservada.
- Câmaras cardíacas de dimensões normais.
- Padrão normal de Relaxamento diastólico.
- Discreto prolapso da valva mitral (duvidoso).
O Holter de 24horas e Extra-Sístoles:
O Holter de Renata mostrou que 23% de todos os seus batimentos eram Extra-sístoles Ventriculares Monomórficas – ela tinha exatamente:
- Batimentos Totais: 115.000 / dia.
- Extra-sístoles Ventriculares monomórficas: 26.450 extra-sístoles (23%).
- Extra-sístoles Sintomáticas: 38 palpitações registradas no Botão de Eventos (0,14%);
Veja a imagem:
Cada extra-sístoles é representada pela cor vermelha na fotografia acima, quando podemos perceber a quantidade enorme de batimentos com Extra-sístoles. Você, leitor, já se imaginou com tantas extra-sístoles?
O Teste ergométrico:
Ela realizou Teste ergométrico e durante o esforço, as extra-sístoles reduziram ligeriamente a sua frequência e nenhuma arritmia grave foi detectada.
Renata não tinha lesão estrutural – isso é ótimo!
Depois de ver o Ecocardiograma e o Holter de Renata, percebemos que ela NÃO TINHA NENHUMA LESÃO ESTRUTURAL CARDÍACA e, portanto, tinha um coração normal.
Conclusão 1:
O coração de Renata era saudável – sem lesão estrutural – Isso é ótimo. Como vimos nesse artigo, as Palpitações em corações estruturalmente normais são benignas e não costumam levar à Morte súbita Cardíaca.
Leia: Tenho Extra-Sístoles – preciso tratar?
Leia: Tenho Palpitações – preciso tratar?
Conclusão 2:
O tratamento para Renata tem um foco orientado para o alívio dos sintomas. A preocupação médica com morte súbita passa para um segundo, terceiro, quarto plano, pois o risco de suas extra-sístoles causarem morte súbita é mínimo.
Nesse caso, o uso de medicação para Renata foi exclusivamente pelo fato de Renata ser MUITO SINTOMÁTICA.
Nessas situações, é sempre bom ter em mente a possibilidade de tratamento curativo para as Extra-Sístoles e Palpitações.
Agora, vamos tratar?
O tratamento de Renata e de quase todos os meus pacientes que tem Palpitações segue a uma rotina de orientações que tem funcionado muito bem – um passo-a-passo, como descrito a seguir:
#1 – Redução do Estresse!
#2 – Durma melhor!
#3 – Evite energéticos e Estimulantes!
#4 – Alimente-se de forma saudável – Comida de Verdade!
#5 – Faça atividade física regularmente!
#6 – Elimine outros problemas de Saúde!
#7 – Elimine / Suspenda medicações que possam causar Palpitações!
#8 – Preciso reduzir o Café?
Qual medicação escolher?
Os medicamentos de primeira escolha para o tratamento de Extra-sístoles ventriculares monomórficas (na minha opinião) são os Beta-Bloqueadores.
Por quê os Beta-Bloqueadores?
- São eficientes para controle de sintomas.
- Tem menos efeitos colaterais em relação aos outro anti-arrítmicos.
- Tem menos efeitos pró-arrítmicos (como flecainamida, Amiodarona e Sotalol)
Vantagens:
- A frequência cardíaca de Renata estava relativamente elevada (ainda normal): 78bpm.
- Renata era virgem de tratamento e não tinha tentado nenhuma medicação.
Desvantagens:
- A pressão arterial de Renata era baixa: 100/70mmHg.
Uma semana depois…
Depois de duas semanas, Renata volta ao meu consultório…
Nova situação:
- Parou de fazer caminhadas (estava sentindo-se fraca).
- Sentindo tonturas frequentes.
- Relata que está muito sonolenta.
Suas Palpitações:
- Continua sentindo palpitações, mas com uma frequência muito menor: cerca de 10 por dia.
- Está usando as medicações adequadamente, sem interrupção.
- Sua pressão arterial está em 80/40mmHg (8/4cmHg).
Conclusão:
- Sintomas melhoraram, um pouco.
- Renata estava tendo Pressão Baixa (Hipotensão arterial)
Minha Conduta:
- Pedi que ela tentasse tolerar os efeitos colaterais e que aumentasse a quantidade de sal em sua alimentação – colocando sal pelo saleiro sobre a salada e outros alimentos.
- E que voltasse ao consultório em 7 dias.
Um mês depois…
Depois de duas semanas, Renata volta ao meu consultório…
Nova situação:
- Ainda sem fazer caminhadas (estava sentindo-se mais fraca ainda).
- Sentindo tonturas muito mais frequentes e muito (mas muito) sonolenta.
- Faltou ao estágio e solicitou atestado de afastamento.
Suas Palpitações:
- Ainda continua sentindo palpitações: cerca de 9 vezes ao dia.
- Está usando as medicações adequadamente, sem interrupção.
- Sua pressão arterial está em 70/40mmHg (7/4cmHg).
Conclusão:
- Sintomas continuaram, sem melhora significativa.
- Aumentou a ingestão de sal na alimentação.
- Ela estava tendo Hipotensão arterial bastante importante e até impedindo suas atividades diárias.
Minha Conduta:
Nesse momento, eu já comecei a me preocupar, pois diferentemente da paciente Carla, do Caso #1, a Renata estava seguindo um caminho diferente – pouca solução das palpitações e efeitos colaterais sérios da medicação.
- Troquei o medicamento para um outro Betabloqueador que tivesse menos efeito sober sua pressão arterial.
- Dividi a dose em duas tomadas diárias para evitar o pico da medicação pela manhã.
- Pedi que ela insistisse com essa nova medicação e aumentasse ainda mais a quantidade de sal em sua alimentação – não há problema em aumentar sal quando se tem pressão baixa sintomática.
- E que voltasse ao consultório em 20 dias.
Surpresa?!
…
…
2 anos depois…
Renata não voltou ao consultório como eu havia solicitado… e só depois de 2 anos ela agendou nova consulta com os mesmos motivos – Palpitação.
Segundo ela, ela resolveu pedir a opinião de outro médico cardiologista pois ela não estava tolerando a medicação que eu lhe havia lhe prescrito. O outro cardiologista a medicou com outra classe de Anti-arrítmico (Amiodarona) e com uma medicação para síndrome do pânico.
Resultado:
- As palpitações continuaram… aumentaram ligeiramente: 12/dia.
- Sua pressão arterial melhorou e voltou aos níveis de 100/70mmHg.
- Ela estava mais disposta, mas
- As palpitações CONTINUAVAM.
- Os Exames da sua Tireóide estavam ficando alterados – surgiu Hipotireoidismo (efeito colateral da Amiodarona).
Ela trouxe um novo Holter:
- Batimentos Totais: 108.000 / dia.
- Extra-sístoles Ventriculares monomórficas: 22.680 extra-sístoles (21%).
- Extra-sístoles Sintomáticas: 26 episódios;
Avaliação do Tratamento:
Como ocorreu comigo, é muito comum que pacientes troquem de médicos em busca de uma solução para suas Extra-sístoles e palpitações. Aliás, a Renata contou-me, posteriormente, que ela já havia ido em um outro cardiologista que lhe passara medicações que também lhe fizeram mal.
Diferentes medicações foram tentadas para a Renata e nenhuma delas surtiu o efeito desejado.
Lembro que nossa busca/meta era a eliminação das palpitações, pois o medo de morte súbita é pequeno (pelo fato dela ter um coração saudável) – salvo raras exceções.
Quando medicações não resolvem as Palpitações ou trazem complicações…
Já no início desse caso, eu observei que as palpitações de Renata eram muito frequentes: mais de 20% do total de batimentos cardíacos. Nessa situação, existe e a possibilidade de um tratamento curativo para as Palpitações.
Entretanto, por padrão, sempre tento medicações, pois são menos invasivas e são eficientes em um grande número de pacientes, como a Carla e outras. Mas é possível fazer um procedimento cirúrgico em algumas situações e em alguns pacientes que tem o objetivo de cura dos sintomas e eliminação completa das extra-sístoles.
Foi o que escolhemos para a Renata.
Ablação para Eliminar Palpitações que não cedem com tratamento clínico!
As Extra-sístoles ventriculares isoladas representam uma das arritmias mais freqüentes na prática clínica. Muitos desses pacientes apresentam sintomas limitantes, o que torna imperativa a utilização de drogas antiarrítmicas por períodos prolongados. ((Ablação por Cateter de Extra-Sístoles Ventriculares Freqüentes: tratamento curativo para um antigo problema))
Nesses casos, A ablação pode ser uma terapia útil em pacientes que são de baixo risco de Morte Súbita e tem Palpitações sintomáticos frequentes, causadas por Extra-sístoles ventriculares predominantemente monomórficas e que são resistentes à droga ou que as drogas causam muitos efeitos colaterais. (Indicação IIa) ((Guidelines for Management of Patients With Ventricular Arrhythmias and the Prevention of Sudden Cardiac Death))
O sucesso imediato desse da Ablação por cateter é de 81% e um com sucesso global 88%. ((Ablação por Cateter de Extra-Sístoles Ventriculares Freqüentes: tratamento curativo para um antigo problema))
Leia aqui: Uma opção Curativa para as Palpitações!
Renata tornou-se Assintomática!
Após a realização da Ablação com Cateter, a Renata tornou-se praticamente normal. Ela deixou de usar medicações para Síndrome do Pânico e não utiliza nenhuma medicação para Arritmia.
Atualmente, ela sente palpitações a cada 6 meses e as relata com “raras, raríssimas e leves, muito leves”.
Ela se sente curada e leva uma vida profissional super normal.
Ela trouxe um novo Holter:
- Batimentos Totais: 112.000 / dia.
- Extra-sístoles Ventriculares monomórficas: 140 extra-sístoles (21%).
- Extra-sístoles Sintomáticas: ZERO palpitação
A orientação para Carla é continuar o tratamento e em novas avaliações, tentar reduzir a sua medicação. É possível que o estresse causado pelas suas atividades tenham intensificados as suas extra-sístoles e provocado PALPITAÇÕES (motivo da consulta).
Carla segue em acompanhamento em meu consultório.
A ablação por cateter é um método curativo, seguro e eficaz para o tratamento de pacientes com ESV freqüentes e sintomáticas. ((Ablação por Cateter de Extra-Sístoles Ventriculares Freqüentes: tratamento curativo para um antigo problema))
O quê você achou?
O caso de Renata foi ilustrativo? Você conseguiu entender? Ficou com alguma dúvida? Você sabia que esse tipo de tratamento era possível? Compartilhe sua opinião.