O seu Teste Ergométrico mostrou extra-sístoles no exercício ou extra-sístoles ventriculares frequentes! Isso é Grave? Isso pode me matar? Devo me preocupar? Essas perguntas e dúvidas são muito frequentes nos pacientes e vamos esclarecer para você! Confira!
O Teste ergométrico é amplamente utilizado na investigação da Angina e no diagnóstico de doença arterial coronariana e do Infarto do Miocárdio; entretanto, o resultado a longo prazo para pessoas assintomáticas e com coração normal com extra-sístoles ventriculares induzida pelo exercício é um assunto que precisa de maior esclarecimento. ((Long-Term Outcome in Asymptomatic Men with Exercise-Induced Premature Ventricular Depolarizations))
Primeiro, as Extra-Sístoles que melhoram com o Exercício!
Muitos pacientes tem muitas extra-sístoles ventriculares que melhoram com o exercício e a impressão convencional é que extra-sístoles que não são provocadas pelo exercício ou que reduzem sua freqüência durante o exercício pode ser considerado como ” benigna ” e não de significado clínico.
E as Extra-Sístoles induzidas pelo Exercício?
As Extra-sístoles induzidas pelo exercício já são uma história diferente – e podem estar associadas à problemas cardíacos futuros – mas só se forem frequentes.
O quê são Extra-sístoles frequentes?
Em se tratando de exercício físico e de extra-sístoles induzidas pelo exercício, são consideradas frequentes quando ocorrem mais que 10% de extra-sístoles ventriculares em um período de 30 segundos de monitoração durante o Textra Ergométrico.
O Critério é Objetivo:
O médico e o paciente não podem e não devem achar e sim CALCULAR o número de extra-sístole em um período de 30 segundos de esforço e calcular.
Exemplo:
- Em um minuto da fase de esforço, ocorreram 140 batimentos.
- Desses, 30 foram extra-sístoles ventriculares
- 30/140 = corresponde = 15extrassístoles / 70 batimentos.
- Resultado: 21%
- Conclusão: Extra-sístoles frequentes induzidas pelo esforço.
O Registro contínuo do Teste ergométrico permite ao médico fazer esse cálculo e não é difícil.
Outra foram de Calcular:
O paciente está com 140 batimentos por minuto e nesse período ocorreram 15 extra-sístoles, significa que foram 10% dos batimentos – só de perceber mais que 15 extra-sístole.
Extra-sístoles frequentes no Exercício – o quê isso pode causar?
O estudo “Long-Term Outcome in Asymptomatic Men with Exercise-Induced Premature Ventricular Depolarizations” avaliou pacientes que tinham extra-sístoles frequentes no esforço e perceberam que eles tinham um risco maior de ter problemas de coração após 23 anos de acompanhamento.
O Estudo foi grande, o suficiente?
Sim, foi, pois ele acompanhou mais de 6.000 pessoas.
Quê tipo de pacientes foram acompanhados?
Somente pacientes saudáveis, sem evidências de doenças cardíacas.
Por quanto tempo foram acompanhados?
Os pacientes foram acompanhados por 23 anos em busca de problemas cardiológicos.
Resultado:
A presença de extra-sístoles frequentes está associada a maior risco de morte no acompanhamento de 23 anos.
Observação #1:
O Estudo NÃO DIZ que o risco de Morte é para o próximo mês, o próximo ano ou daqui há 5 anos. O risco é maior após 23 anos de acompanhamento.
Então, se você tem hoje, 40 anos, você tem uma maior chance de morte aos 63 anos, quando comparado aos pacientes que não tiveram extra-sístoles frequentes durante aquele exame de 23 anos atras.
Trata-se de uma avaliação para o FUTURO… não para o AGORA ou para poucos anos de avaliação.
Vamos exemplificar melhor:
- Leonardo, de 40 anos, em 2015, fez um Teste ergométrico que mostrou extra-sístoles frequentes.
- Paulo, de 41 anos, em 2015 fez um Teste ergométrico que NÃO MOSTROU extra-sístoles frequentes.
Leonardo tem uma maior chance de ter uma Morte – quando ele tiver 63 anos em relação ao Paulo.
Conclusão do estudo:
Quando você estiver fazendo sua avaliação para palpitações e extra-sístoles, o seu médico irá solicitar o Teste ergométrico – muito provavelmente! ((Treating patients with ventricular ectopic beats))
No teste, a presença de extra-sístoles ventriculares frequentes pode indicar que – no futuro, o risco de Morte e Mortalidade pode ser maior que a população que não tem extra-sístoles frequentes no exercício.
Quê conclusão eu posso tirar?
Se você fez um Teste ergométrico e esse exame detectou extra-sístoles frequentes na fase de esforço, você precisa tomar medidas preventivas – sejam elas dietéticas (alimentando-se melhor) e também no controle de outros fatores de risco que possam trazer problemas futuros para você.
Observação #2: Posso repetir o Teste Ergométrico?
Sim. Pode.
Aliás, se eu fizesse um Teste ergométrico e esse exame mostrasse Extra-sístoles ventriculares frequentes, eu mudaria meus hábitos de vida, começaria ou intensificaria minha prática de atividades físicas e repetiria o exame no próximo ano.
- Se mantivesse o mesmo resultado: Extra-sístoles ventriculares frequentes – eu intensificaria minhas medidas preventivas.
- Se o exame não mostrasse extra-sístoles ventriculares frequentes, eu ficaria mais tranquilo – e manteria minhas medidas preventivas.
Observação #3: Posso praticar atividades físicas?
Sim, claro.
A presença de Extra-sístoles ventriculares frequentes não indica risco de morte súbita durante o exercício e o seu médico, provavelmente, o liberará para a atividade física até mesmo com o objetivo de condicionar-se melhor.
Você já fez Teste ergométrico? Como foi?
Conte-nos. Ocorreram extra-sístoles? Seu médico fez algum comentário?
Leia também – Extra-sístoles frequentes na Recuperação.
Excelente artigo!
Sou mulher de 40 anos e faço atividade física intensa a moderada há 6 anos faço hiit, musculação e aeróbicos.
Há 4 anos comecei a sentir uns pulinhos na garganta, mudança brusca dos batimentos( sem elevar a FC) e isso me causou muito medo eu desenvolvi uma fobia.
Fui há três diferentes cardiologista especialista em arritmia.
Passei por todos os tipos de exames que possa imaginar do holter até ressonância.
Graças à Deus todos normais, exceto discreto pvm.
Que os médicos disseram que é insignificante esse achando.
Eu tenho percepção das extras em períodos bem específicos, na tpm e às vezes durante a menstruação.
No holter de 24 horas não conseguiu pegar nenhuma extra e nem no teste ergométrico. Apenas consegui observar no holter de 72 horas daí apareceu 7 extras ventrícular e subvetricular.
Conclusão:
Médico disse que está tudo normal é que eu estava apta para correr uma maratona se eu quisesse.
Tenho que trabalhar a ansiedade e diminuir o café e vida que segue.
Só basta fazer checkup a cada 2 anos.
Estou voltando agora em junho para um novo check.
Mas sinceramente quando eu as sinto morro de medo.
Sou mãe de 3 filhos e fica difícil não pensar que vou morrer toda vez que sinto:/
Oi Fabiana
Compartilho com vc a mesma experiência, sintoma idêntico ao seu, também fiz os exames e mesmo que o médico te passou passou p mim; na TPM me ataca muito e tbm me sinto aflita, e então, já me sinto ansiosa e assim fica uns dois dias vai e volta até q estabiliza, estou tomando uma medicação receitada pelo cardiologista quando sinto, e está me ajudando muito.
Marcia.
As medicações podem ajudar em alguns casos… O objetivo delas é reduzir as palpitações para tentar reduzir também a ansiedade que estas palpitações geram.
Abraços.
Olá, Fabiana…
“desenvolvi uma fobia” – normalmente é isso que acontece: fobia.
“Fui há três diferentes cardiologista” – os pacientes procuram 3, 5, vários cardiologistas.
“todos os tipos de exames que possa imaginar do holter até ressonância” – normalmente fazem tudo, tudo, tudo o que “tem direito” e até mais…
“holter de 72 horas daí apareceu 7 extras ventrícular e subvetricular.” – esses valores são praticamente normais – são RARAS, ocorrência RARA.
“Médico disse que está tudo normal” – maravilha, tudo bem, então, né?
“Mas sinceramente quando eu as sinto morro de medo” – voltamos ao início: fobia, pânico, ansiedade.
Você vai ficar bem, Fabiana… Controle a Ansiedade: Extrassístoles NÃO MATAM, nunca mataram ninguém… Aliás, “matam de raiva”.
Abraços.